SUBMISSÃO

SUBMISSÃO - TEMA 1

Submissão é renunciar a nós próprios, não o abandono de nossos pecados. Renunciar a nossos pecados é resultado de renunciar a nós mesmos e buscar a Deus.

Já tomou alguma decisão de final de ano? Alguns de nós tomamos resoluções não só no fim do ano, mas no primeiro dia do mês, no primeiro dia da semana, na data natalícia, no começo do ano letivo, e toda vez que mudamos para outra cidade!

Justiça por meio de resolução! ''De agora em diante eu...", ou "Desse momento em diante não..." Já passou por isso? Já se viu frustrado por perceber que isso não funciona?

Estamos falando sobre submissão nas poucas teses seguintes, e um dos primeiros princípios básicos da submissão é que se não incluir tudo não é absolutamente submissão. A submissão vai muito além de desistir deste ou daquele mau hábito. E mesmo dizer que precisamos renunciar a ''tudo'' pode ser confundido. Pois submissão não é de modo algum questão de coisas. A única maneira em que podemos renunciar a tudo é renunciar a nós próprios. A renúncia própria é a base da submissão.

Quando as forças do Eixo se renderam, ao findar a Segunda Guerra Mundial, a que renunciavam? Apenas a suas armas e munições? Apenas a seus tanques e granadas de mão? Apenas a seus uniformes e suprimentos? Ou foram obrigados a renunciar a si mesmos? E quando se renderam, isso automaticamente abrangia armas, bombas, tanques e tudo o mais.

A submissão não pode ser feita a prestação. Não existe essa espécie de submissão parcial. Não é possível submeter-se parcialmente tanto quanto não existe possibilidade de se estar ligeiramente grávida. Ou está, ou não está. Não há meio-termo.

Se estudar o que os escritos inspirados para a igreja têm a dizer, descobrirá que o faz em termos de tudo ou nada.

 Cristo exige submissão integral e sem reservas. Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 110.

 Submissão incondicional. Ver Testimonies, vol. 4, pág 120.

 Renúncia completa. Ver A Ciência do Bom Viver, pág. 473.

E a lista vai longe.

Quando falamos sobre submissão, estamos empregando um termo não encontrado na versão bíblica Almeida, conquanto a idéia de submissão ali se encontre. "Sujeitai-vos portanto a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (S. Tiago 4:7) é um exemplo que oferece importante pista sobre o que está envolvido em submissão completa, integral e sem reservas. Como observamos, não somente renunciamos a certas coisas. Submetemo-nos a nós próprios. E no processo de renunciar ou sujeitar o eu, quaisquer problemas que o eu haja causado são automaticamente submetidos junto com todo o pacote.



Testimonies, vol. 9, págs. 182 e 183 apresenta-o nos seguintes termos: "Cada um terá uma renhida luta para vencer o pecado em seu próprio coração. Isto algumas vezes é uma obra muito dolorosa e desanimadora; porque, ao constatarmos as deformidades de nosso caráter, continuamos a vê-las, quando deveríamos olhar para Jesus e revestir-nos com o manto de Sua justiça. Todos quantos se adentrarem pelos portões de pérola da cidade de Deus, ali penetrarão como vencedores, e sua maior conquista terá sido a vitória sobre o eu."



Submissão e fé estão intimamente relacionadas. Somente quando confiamos em Deus e nos submetemos, ou renunciamos a nós próprios, em Seu favor, dEle estaremos dependendo, antes que de nós próprios. Ao nos submetermos a Ele, permitimos-Lhe o controle. Ele pode então operar em nós o querer e o realizar segundo o Seu beneplácito.



SUBMISSÃO - TEMA 2

Empenhar-nos em renunciar a nossos pecados, pode impedir-nos de renunciar a nós próprios.
Suponhamos que você decida dar estudos bíblicos a alguém. Você vai até o pastor e pede-lhe que indique interessados com potencial de se tornarem membros da igreja. E ele diz: "Bem, de fato tenho duas famílias que solicitaram estudos. Você pode escolher a que preferir." E ele passa a descrevê-las.

A primeira é de um comerciante de êxito na cidade. Ele e a esposa gozam de excelente conceito na comunidade. A esposa realiza trabalho voluntário no hospital da cidade, enquanto o marido tem ligações com a política local. Seus filhos são bem disciplinados. A casa deles é muito limpa. Nenhum membro da família fuma ou bebe. Alguns anos atrás se interessaram por boa saúde e agora não só saem em exercício de "cooper", percorrendo oito quilômetros por dia, como são vegetarianos também. Na verdade, foi o interesse deles, com questões de saúde, que os levou a buscar informações sobre os adventistas do sétimo dia.

A segunda família vive no centro da cidade num pequeno apartamento em cima de um bar. Marido e esposa – talvez eu deva dizer o homem e a mulher, pois apenas vivem juntos – não são casados legalmente. Seja como for, o casal está desempregado; são sustentados pelo serviço social. O homem já cumpriu sentenças na prisão local por pequenos delitos mais de uma vez – acusado de posse de narcóticos, furtos, e coisas desse tipo. A mulher é alcoólatra, obesa e mãe de três filhos, cada um de pai diferente e nenhum deles relacionado com o atual "chefe da família". Poucas semanas atrás, o juizado de menores recolheu as crianças da casa temporariamente, acusando os pais de negligência e violência contra os menores. Essa situação gerou o contato inicial com a Igreja Adventista do Sétimo Dia, pois a mãe deseja manter os filhos em seu poder, e diz que agora reconhecem que precisam de Deus, se quiserem pôr a vida em ordem.

Com qual dessas famílias gostaria de tornar-se envolvido? A escolha é sua! Qual dessas famílias julga que apresenta maior possibilidade de se tornar bons cristãos, bons adventistas do sétimo dia?

Lembro-me de ter visitado o marido alcoólatra de uma senhora que era membro da igreja. Ao tentar iniciar conversação, ele me encarou com olhos avermelhados, e disse: "Eu realmente admiro os adventistas. É necessário ser uma pessoa forte para ser adventista."

Você concorda com isso? Ou a pessoa fraca pode tornar-se bom adventista? Seria possível encher a igreja de pessoas fortes, que não pensariam em fazer algo errado, mas que nunca reconheceram sua necessidade de Cristo?

Para o diabo, não faz qualquer diferença se a pessoa se perde dentro ou fora da igreja. E um de seus esquemas para isolar-nos da experiência genuína da submissão, é levar-nos a nos preocupar com os nossos pecados, tentar duramente viver vida correta.

Esforçar-se por renunciar seus pecados é um beco sem saída, seja você forte ou fraco. Se for forte, seu bom comportamento pode tornar-se uma barreira entre você e o Salvador. Se fraco, pode tornar-se tão desencorajado e dominado por suas falhas, que desistirá completamente.

"Não devemos olhar a nós próprios. Quanto mais nos demorarmos em nossas próprias imperfeições, menos força teremos para superá-las." – Ellen G. White, Review and Herald, 14 de janeiro de 1890.

A nação judaica ao tempo de Cristo demonstrava esse princípio. A igreja judaica estava repleta de pessoas fortes. Era necessário ser um homem forte para tornar-se um fariseu! Contudo, foram as pessoas fortes que rejeitaram a Jesus e, finalmente, O crucificaram.

As pessoas fracas na nação judaica estavam do lado de fora, condenadas como grandes pecadores. Os líderes as haviam excomungado, havia tempo, por suas falhas e pecados. Haviam perdido a esperança de um dia alcançar o Reino. Contudo, essas pessoas fracas se amontoavam em torno de Jesus, aceitavam Sua oferta de graça e se tornavam Seus seguidores mais fiéis.

Parece bastante desesperador para as pessoas fortes, não é mesmo? Devemos todos sair por ai e embebedar-nos, a fim de podermos reconhecer nossa necessidade? Ou todos nós, fortes ou fracos, reconhecemos uma vez mais que nosso comportamento nem nos salva nem causa nossa perdição? Todos precisam ir a Jesus para obter a salvação.

Você é uma pessoa forte? Assim era Paulo. Assim era Nicodemos. Você é fraco? Assim era Maria. Assim eram Pedro e Mateus. Assim era o endemoninhado. Todos tinham uma necessidade comum, a de renunciarem a si próprios e virem a Jesus. Todos descobriram que Ele os aceitava quando vinham a Ele.

Ele aceitará também você hoje.



SUBMISSÃO - TEMA 3

Ninguém pode crucificar-se a si mesmo, nem operar a própria submissão. Alguém deve fazê-lo em seu lugar.
Talvez uma das verdades mais difíceis de aceitar, na área da submissão, seja a de que não podemos submeter a nós mesmos! Se pudéssemos operar a submissão, não teríamos que nos submeter. Porque submeter-nos, ou renunciar a nós próprios, é o mesmo que admitir que nada podemos fazer. Inevitavelmente, portanto, a obra de levar-nos ao ponto de submissão deve ser de Deus. Não é algo que possamos fazer por nós mesmos.

Como já observamos, o diabo tem preparado atalhos a cada passo para aquele que se convence de sua necessidade de Cristo e decide vir a Jesus. Ele diz: "Você é um pecador e não tem justiça. E isso mesmo – vá operar sua justiça." E podemos gastar dias e anos inúteis, tentando produzir justiça através da força de vontade.

Então, ouvimos sobre a verdade de que a justiça procede somente da fé, e o diabo logo se apresenta para dizer: "É isso mesmo, você precisa de fé. Comece a operar sua fé. "

E após virmos a entender que a fé é um dom, não nossa própria obra, ele novamente nos encontra na última etapa de nossa ida a Cristo, que é a submissão, e assegura: ''Muito bem, o que você precisa fazer agora é tentar arduamente chegar à submissão."

Às vezes os pais, professores e ministros, e outros líderes da igreja, já têm inconscientemente ajudado o diabo em sua campanha! Já participou de alguma reunião em que um pastor ou professor convida o auditório a empenhar-se bastante na submissão? Já viu na frente do púlpito um pequeno altar sobre o qual há fogo aceso, e pedaços de papel sendo distribuídos pelo salão? Você escreve no pedaço de papel o pecado que deseja abandonar e o leva até a frente, colocando-o no fogo. Isso é submissão?

Já se perguntou como livrar-se de algum pecado em sua vida, tendo logo depois alguém chegado para você e ensinado que tudo quanto deve fazer é renunciar a ele? E você tenta isso. Pronuncia as palavras –"renuncio a minha desonestidade'', ou "renuncio a meus maus pensamentos''. Você ora proferindo essas palavras, mas percebe que a desonestidade e os maus pensamentos continuam a incomodá-lo.

A Bíblia emprega a analogia da crucifixão como símbolo da experiência de submissão. "Estou crucificado com Cristo", declarou Paulo. Gálatas 2:20. Jesus empregou o símbolo repetidas vezes, convidando Seus seguidores a tomarem sua cruz e segui-Lo. Ver S. Mateus 10:38; S. Lucas 14:27; S. Marcos 8:34. De fato, toda vez que Jesus falava de cruz, sempre Se referia à nossa cruz, nunca à Sua própria.

Pense por um minuto sobre a crucifixão. Como se consumou? É fácil lembrar, não é? Quantas vezes já não vimos os quadros e gravuras, e ouvimos sobre os pregos e a madeira rude! Mas observe um fato em particular. Você não pode crucificar-se a você mesmo. Alguém terá que fazê-lo por você. Se deseja matar-se, poderá fazê-lo de várias maneiras. Poderá colocar uma arma na cabeça e apertar o gatilho. Poderá saltar do alto de um edifício ou de alguma ponte elevada. Poderá tomar uma dose excessiva de pílulas para dormir, ou fechar-se na garagem com o motor do carro em funcionamento. As pessoas têm tentado todo tipo de método, com maior ou menor êxito. Mas ninguém jamais tentou o suicídio buscando crucificar-se.

O livro Parábolas de Jesus expressa isto da seguinte forma: "Ninguém se pode esvaziar a si mesmo do eu. Somente podemos consentir em que Cristo execute a obra." – Pág. 159.

Como permitimos que Cristo realize a obra? Isso envolve mais do que proferir somente as palavras, ou repeti-las em oração.

"Os lábios podem exprimir uma pobreza de espírito que o coração não reconhece. Ao passo que fala a Deus de pobreza de espírito, pode o coração ensoberbecer-se com a presunção de sua humildade superior e exaltada justiça. Só de um modo o verdadeiro conhecimento do próprio eu pode ser alcançado. Precisamos olhar a Cristo." – Ibidem.

Ao tomarmos a decisão de gastar tempo, dia após dia, contemplando a Cristo, ao convidá-Lo para realizar Sua obra em nossa vida, Ele nos conduzirá passo a passo ao ponto de submissão. A renúncia própria é possível somente quando Ele nos trouxer até esse ponto.



SUBMISSÃO - TEMA 4

Somos controlados por Deus ou por Satanás. O único controle que temos é escolher quem nos controlará.



Que tal responder a um breve teste? Marque somente uma resposta para cada pergunta:

1. Você é:

a) adepto do partido situacionista?

b) adepto do partido de oposição?

c) nenhum dos dois casos?

2. Você é:

a) um gênio?

b) um imbecil?

c) nenhum dos dois casos?

3. Você é:

a) Um milionário?

b) Um mendigo

c) nenhum dos dois casos?

4. Você é:

a) lindo?

b) horroroso?

c) nenhum dos dois casos?

5. Você é:

a) controlado por Deus?

b) controlado por Satanás?



Neste ponto, temos que interromper o padrão de nosso pequeno teste. Você pode ocupar todos os tipos de meios-termos neste mundo. Pode ser indiferente a política, pertencer á classe média, ter inteligência mediana, ser moderadamente atraente. Mas quando se discute quem controla a sua vida, não há meio-termo. É. uma proposição de tudo ou nada.

"Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?" Romanos 6:16. Duas escolhas. Pecado para a morte. Ou obediência para justiça. Estas são as únicas escolhas.

Jesus o disse em S. Lucas 11:23: "Quem não é por Mim, é contra Mim; e quem comigo não ajunta espalha."

O livro O Desejado de Todas as Nações contém quatro referências principais que explicam esta verdade. Você poderá lê-las em sua inteireza por sua própria conta, mas citarei duas delas aqui.

"A menos que nos entreguemos ao domínio de Cristo, seremos governados pelo maligno. Temos inevitavelmente de estar sob o domínio de um ou de outro dos dois grandes poderes em conflito pela supremacia do mundo. Não é necessário que escolhamos deliberadamente o serviço do reino das trevas para cair-lhe sob o poder. Basta negligenciarmos fazer aliança com o reino da luz." – Idem, pág. 324.

"Toda alma que recusa entregar-se a Deus, acha-se sob o domínio de outro poder. Não pertence a si mesma. Pode falar de liberdade, mas está na mais vil servidão." – Idem, pág. 466.

Esta idéia às vezes torna as pessoas nervosas. ''Mas, que dizer de nossa individualidade?'', perguntam. "Se formos totalmente controlados por Deus, isso não eliminará nosso poder de escolha? Não nos tornaremos como marionetes?"

Na verdade, é a recusa em submeter-se ao controle de Deus o que nos torna marionetes e sacrifica nossa individualidade! Porque o controle de Deus traz consigo a liberdade de não mais ser controlado em qualquer ocasião. É o inimigo que segura firme aqueles sob o seu controle, recusando-se soltá-los.

Como seres humanos, somos instrumentos. Romanos 6:13 declara que podemos ser instrumentos de justiça para Deus, ou instrumentos de injustiça para com o pecado. Nós cantamos – "Cristo, bom Mestre, eis meu querer: Tua vontade sempre cumprir.'' Mas ainda podemos recusar aceitá-la. Você é uma instrumentalidade? Um instrumento é controlado por alguém. Um machado não é bom ou mau por si mesmo. Pode cortar lenha para aquecer a casa no inverno, ou pode tirar a vida de alguém. Quem está controlando o instrumento é que decide. Um violino pode emitir sons maviosos ou barulho irritante, dependendo de quem o maneje.

Nós também somos instrumentos. Quem nos está controlando hoje?



SUBMISSÃO - TEMA 5

A submissão da vontade é a submissão do poder de escolha, mas empregamos o nosso poder de escolha para o submeter. Renunciamos a nosso poder de escolha, tendo em vista o comportamento; conservamos nosso poder de escolha, tendo em vista o relacionamento.

Por favor, apanhe sua lente de aumento e junte-se a mim ao examinarmos atentamente ao livro Caminho a Cristo, pág. 47:

"Muitos indagam: 'Como devo eu fazer a entrega do próprio eu a Deus?' Desejais entregar-vos a Ele, mas sois faltos de poder moral, escravos da dúvida e dirigidos pelos hábitos de vossa vida de pecado. Vossas promessas e resoluções são como palavras escritas na areia. Não podeis dominar os pensamentos, os impulsos, as afeições. O conhecimento de vossas promessas violadas e dos votos não cumpridos, enfraquece a confiança em vossa própria sinceridade, levando-vos a julgar que Deus não vos pode aceitar; mas não precisais desesperar."

A primeira vez que li isto, disse: "Como a autora de Caminho a Cristo me conhece tão bem?" Mas a página tinha boas novas. Diz mais: "Não precisais desesperar. O que deveis compreender é a verdadeira força da vontade." – Ibid. "É assim mesmo", pensei. "Não tenho força de vontade suficiente. Não posso manter-me longe do recipiente de salgadinhos. Não consigo sair para praticar o 'cooper'. Não posso controlar meu temperamento. Preciso de mais força de vontade." E uma vez mais apelaria às promessas e resoluções como palavras escritas na areia para terminar exatamente onde havia começado. Era tão desanimador que, muitas vezes, quando deparava novamente com a página 47, exclamava – "Oh! Isso de novo!" E saltava para a página 49!

Mas a explicação está implícita no contexto, se tomar tempo para realmente examiná-lo. "O que deveis compreender é a verdadeira força da vontade. Esta é o poder que governa a natureza do homem, o poder da decisão ou de escolha."

Então, o que vem a ser a vontade? O poder de escolha. Há uma grande diferença entre a vontade – o poder de escolha – e a força de vontade – domínio próprio ou "espinha dorsal". Então, substituamos "o poder de escolha", o sinônimo que o contexto oferece, pela palavra vontade.

"Tudo depende da reta ação da vontade. [Muito bem, substitua – Tudo depende da reta ação do poder de escolha.] O poder da escolha deu-o Deus ao homem; a ele compete exercê-lo. Não podeis mudar vosso coração, não podeis por vós mesmos consagrar a Deus as vossas afeições; mas podeis escolher servi-Lo. Podeis dar-Lhe a vossa vontade [Podeis dar-Lhe o vosso poder de escolha]; Ele então operará em vós o querer e o efetuar, segundo a Sua vontade. Desse modo toda a vossa natureza será levada sob o domínio do Espírito de Cristo..."

"Muitos se perderão enquanto esperam e desejam ser cristãos. Não chegam ao ponto de render a vontade a Deus [Não chegam ao ponto de render o poder de escolha a Deus]...

"Mediante o conveniente exercício da vontade [poder de escolha], pode operar-se em vossa vida uma mudança completa. Entregando a Cristo o vosso querer, aliai-vos com o poder que está acima de todos os principados e potestades. Tereis força do alto para estar firmes e, assim, pela constante entrega a Deus, sereis habilitados a viver a nova vida, a vida da fé." – Páginas 47 e 48.

Entretanto, é necessário empregar o seu poder de escolha para renunciar ao seu poder de escolha! É outra vez a distinção entre comportamento e relacionamento. Nós renunciamos ao nosso poder de escolha tendo em vista o comportamento. Mantemos nosso poder de escolha tendo em vista o relacionamento. Ao continuarmos a preferir entrar num relacionamento pessoal diário com Cristo, Ele opera em nós o querer e o efetuar segundo o Seu beneplácito. Não podemos conduzir-nos ao ponto de renunciar a nossa vontade, outro termo para submissão. Mas podemos consentir em que Cristo realize a obra colocando-nos em Suas mãos ao buscarmos um relacionamento pessoal com Ele.



SUBMISSÃO - TEMA 6

O único esforço deliberado na vida cristã é buscar a Deus. Disso resultarão esforços espontâneos para outras coisas.
Suponhamos que um domingo de manhã você decida fazer rodízio dos pneus de seu Fusca. Você o coloca sobre macacos e consegue tirar todos os quatro pneus. Nesse momento, sua esposa o chama para o almoço.

Antes que termine de comer, sua filha de quatro anos vai brincar na frente da casa. Sua bola corre para debaixo do carro, e ela se enfia embaixo dele para apanhá-la, derrubando um dos macacos que sustentam o veículo. Você ouve os gritos, e, da mesa, olha pela janela.

Vê então o carro, do lugar onde está assentado, e percebe imediatamente o que ocorreu. Então você...

Que faria nessas circunstâncias? Inclinar-se-ia no encosto da cadeira, para comentar com a esposa: "Parece que o carro caiu sobre a Cassinha. Acho melhor eu ir lá fora e pôr o macaco outra vez. Mas, primeiro, não quer dar-me mais um pedaço daquela torta de maçã?''

Ou você corre até a frente da casa, exerce força sobre-humana e levanta a extremidade do carro, a fim de que a criança fique livre?

Que seria mais fácil fazer? Espere – não responda tão depressa. O que é mais fácil em termos de esforço deliberado? Estar sentado à mesa e receber outro pedaço da torta de maçã, ou levantar um carro – mesmo sendo um Fusca? Qual das duas coisas requer mais energia? Qual delas queima mais calorias? Qual delas lhe proporciona mais exercício?

Por outro lado, se você realmente ama sua filhinha, qual delas seria mais dura de praticar? Não há o que discutir, não é verdade? Pode ser necessário força sobre-humana para erguer a traseira do carro a fim de que sua filha possa ser salva, mas exigiria esforço impossível permanecer sentado à mesa!

A distinção entre esforço deliberado e esforço espontâneo é muito importante para compreender o esforço envolvido em viver a vida cristã. Às vezes as pessoas têm a idéia, quando falamos em não combater o pecado e o diabo com nossa própria força, que estamos falando de uma religião sem esforço.

Havia uma estranha seita, a dos Quietistas, no século passado, que acreditava que não devíamos exercer esforço nenhum. Devíamos apenas sentar-nos e balançar – na verdade, isso talvez ainda fosse muito. Devíamos apenas ficar sentados. Seja o que for que precise ser feito, o próprio Deus disso cuidará, à parte de nós.

Mas Deus nunca nos concede salvação independentemente de nossos esforços. Esse dilema muitas vezes tem mantido os teólogos debatendo até meia-noite, mas é claramente respondido em dois textos que constituem um minicurso em justificação pela fé, uma concisa declaração sobre o tema do poder divino versus esforço humano como jamais poderia você descobrir de outro modo.

Os dois textos são S. João 15:5 e Filipenses 4:13. As palavras de Jesus: " Sem Mim nada podeis fazer'', e o comentário de Paulo, "Tudo posso nAquele que me fortalece". Ponha as duas declarações juntas. Se separados de Cristo nada podemos fazer, e com Ele podemos todas as coisas, então o que nos é deixado para fazer? Chegue-se a Ele e permaneça com Ele.

"Tudo que o homem pode fazer no sentido de sua salvação, é aceitar o convite: "Quem quiser, tome de graça da água da vida." Apoc. 22:17." – Mensagens Escolhidas, Livro 1, pág. 343. E não se esqueça de que o termo salvação inclui não só perdão pelo pecado, mas poder para obediência, e Céu por fim – justificação, santificação e glorificação.

Como chegamos a Cristo? Como tomamos a água da vida?

"Nessa comunhão com Cristo, mediante a oração e o estudo das grandes e preciosas verdades de Sua Palavra, seremos alimentados, como almas que têm fome; como os que têm sede, seremos saciados à fonte da vida." – O Maior Discurso de Cristo, pág. 113.

Para os pais, o esforço deliberado que foi investido dia após dia no relacionamento com o filho ou filha, pode ter requerido às vezes trabalho penoso. Mas quando ocorre uma situação crítica, o esforço necessário é totalmente espontâneo. Nenhum pai ou mãe que ame, pararia para considerar a energia requerida; mas se apressaria ao socorro de um filho que estivesse em problema.

Assim ocorre com o cristão. Todo tipo de esforço é requerido na vida cristã. Contudo, o esforço deliberado em particular é buscar comunhão com Deus. O esforço espontâneo para com outras coisas certamente virá em resultado.



SUBMISSÃO - TEMA 7

Cristãos em crescimento experimentam períodos de submissão e de não-submissão. Às vezes dependem de Deus, outras vezes de si mesmos.

Os discípulos caminhavam pela estrada para Cafarnaum. Seus passos se tornavam mais e mais lentos até que eles quase perderam de vista a Jesus. Estavam tendo uma acalorada discussão, e mal notavam que Jesus não mais lhes fazia companhia – exceto por rápidas olhadelas de quando em vez, para assegurar-se de que Ele não estava tão próximo para ouvi-los.

O tema de sua discussão era um dos favoritos: Quem seria o maior no reino? Certa feita, chegaram ao ponto de incluir a Jesus nesses debates, esperando alguma resposta direta dEle que pudesse resolver a questão. Mas Ele lhes respondera apenas por uma parábola sobre criancinhas, em vez de fornecer a cada um deles uma clara descrição dos cargos com que haviam sonhado. Agora, sentiam-se embaraçados por Ele saber que ainda discutiam a questão.

Esta não seria a última vez que os discípulos se envolveriam nessa disputa, a despeito dos repetidos esforços de Jesus em instrui-los. Eles ouviriam Suas palavras na casa de Cafarnaum aquele dia. Reconheceriam seu erro em buscar o lugar mais elevado, exatamente o pecado de Lúcifer no princípio. Mas não demoraria muito, Tiago e João viriam, por intermédio da mãe deles, com uma solicitação extravagante pelos lugares mais elevados, à direita e à esquerda, e novamente os discípulos se acharam envolvidos na divergência. Pouco tempo depois, Pedro, Tiago e João seriam incluídos na misteriosa jornada até o topo da montanha, e os nove que ficaram para trás passariam a noite debatendo sobre quem seria o maior. Mesmo a humilhação de serem incapazes de expulsar um demônio na manhã seguinte não foi suficiente para ensinar-lhes a lição. Pois no cenáculo, na noite anterior à crucifixão, estavam novamente a ponto de puxarem espadas, cada qual não se dispondo a conceder o lugar mais elevado e a cumprir a parte de um servo.

Os discípulos estavam cometendo um pecado. Sabiam que era pecado. Não obstante, continuaram a praticar isso repetidas ocasiões.

Quem eram os discípulos? Bem, eram homens que tinham o benefício de três anos passados em íntima relação com Jesus. Associavam-se com Ele dia após dia. Eram homens convertidos, pois Jesus lhes disse quando retornaram de sua viagem missionária, regozijando-se com o poder que lhes fora concedido sobre os demônios, que deviam antes regozijar-se porque seus nomes estavam escritos no Céu. Ver S. Lucas 10:20. O livro da vida não inclui o nome dos que nunca foram convertidos. Ver S. João 3.

A história dos discípulos é para alguns um tanto perturbadora. Ela é tão bíblica quanto sua Bíblia e, de fato, o padrão de altos e baixos não começa ou termina com eles. Abraão, Jacó, Elias, Davi, Maria e Marta, e mesmo Paulo, revelam o mesmo padrão, bem como muitos outros. É perturbador, mas é a realidade. Uma realidade que a Escritura registra fielmente.

Já fizemos notar que não existe essa questão de submissão parcial. A submissão é tudo ou nada. Mas existe a possibilidade de submissão inconstante. De fato, com base nas biografias que a Bíblia nos oferece, poderíamos mesmo ir ao ponto de dizer que a submissão inconstante não é apenas uma possibilidade. Com mais freqüência, exigiu tempo e tentativa e erro antes que aquele que se submeteu a Deus aprendesse a permanecer submisso a Ele por todo o tempo, sem vacilação.

A Tese 72 entrará em maiores detalhes quanto a este padrão de altos e baixos na vida cristã. Por agora, vamos apenas abordar até este ponto: suponhamos que você se ache no lugar dos discípulos. Suponhamos que descubra que num minuto esteja dependendo de Deus e experimentando a vitória – e no minuto seguinte, comece, de certo modo, a depender de você mesmo, e descubra que fracassou, caiu e pecou novamente. O que fará?

Há instrução e encorajamento para tal pessoa: "Se alguém que comunga diariamente com Deus se desvia o caminho, se por um instante deixa de olhar firmemente para Jesus, não é porque peque intencionalmente; pois, quando vê os seus erros, volve-se novamente e fixa os olhos em Jesus, e o fato de que errou não o torna menos querido ao coração de Deus." – Ellen White, Review and Herald, 12 de maio de 1896.