PERDÃO

PERDÃO - TEMA 1

O único pecado conhecido que não pode ser perdoado é aquele de que não nos arrependemos e de que não pedimos perdão.

Um dia, após o culto na igreja, uma garotinha sardenta, com nove ou dez anos de idade, puxou-me o paletó, e disse que desejava falar-me. Fomos para um canto tranqüilo no santuário, e, com lágrimas nos olhos e lábios trementes, ela conseguiu balbuciar: "Acho que cometi o pecado imperdoável."

Muitos outros têm a mesma preocupação. Há algo assustador no que respeita à expressão "pecado imperdoável'' por si só. Pode levar-nos a imaginar um Deus irado, meneando a cabeça e dizendo: ''Dessa vez você foi longe demais. " E cristãos conscienciosos, de nove a noventa e nove, têm-se preocupado quanto a terem superado os limites da graça e misericórdia divinas.

A mulher apanhada em adultério estava certa de ter ido longe demais. Cabeça inclinada e olhos tristonhos, ela aguardava silenciosamente que as pedras começassem a voar em sua direção. Ficou maravilhada ao descobrir que a porta da misericórdia ainda lhe estava aberta. Ela não estava condenada. Deus ainda ofereceu o Seu perdão e poder.

Leiamos sobre o pecado imperdoável em S. Mateus 12:31. Jesus disse: "Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada."

A primeira parte do verso é encorajadora: Todo pecado e blasfêmia serão perdoados. Mas o que significa pecar contra o Espírito Santo? Simplesmente o seguinte: Uma vez que a obra do Espírito é convencer do pecado (ver S. João 16:8, 9) e uma vez que todo pecado pode ser perdoado, então o pecado contra o Espírito Santo seria recusar o seu convencimento, e recusar-se chegar ao arrependimento.

O perdão é condicional. Caso não fosse, então todos no mundo se salvariam. Quais são as condições para o perdão? Primeiro, que confessemos os nossos pecados. É-nos dito que "se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça''. I S. João 1:9. Portanto, o pecado imperdoável seria qualquer pecado que recusemos confessar ou pedir perdão.

Alguns acham hoje que a confissão não é importante. Alegam que Deus é um Pai amorável e que um pai não insistiria em que seus filhos confessassem suas más ações. Dizem que um pai perdoa os filhos porque os ama. Mas isto não é o que a Bíblia diz. A Bíblia ensina que a confissão é importante. A fim de obter o perdão, precisamos pedir perdão e aceitá-lo.

Como aceitamos o perdão de Deus?

Caminho a Cristo, pág. 51, declara: "Se credes na promessa – credes que estais perdoado e purificado – Deus supre o fato: sois curado, exatamente como Cristo conferiu ao paralítico poder para caminhar quando o homem creu que estava curado. Assim é se o credes."

Às vezes adotamos a opinião de que a condição para o perdão é que nunca mais pequemos. Prometemos a Deus: ''Se o Senhor me perdoar por isto uma vez mais ..." E então cometemos o mesmo pecado de novo, e tememos ir a Ele para obter perdão. É isto que freqüentemente leva as pessoas a temer haverem cometido o pecado imperdoável.

Mas a promessa bíblica é: "O que vem a Mim, de modo nenhum o lançarei fora." S. João 6:37. Não há data de expiração quanto a isso, como se dá num rolo de filme fotográfico. Não se encontram dizeres como: ''Válido somente até tal data..." Aquele que vai a Cristo é sempre, sempre aceito.

Não importa quem você seja ou o que tenha feito. Se for a Jesus hoje, pedir-Lhe Seu perdão, aceitar o Seu dom de arrependimento e perdão, será perdoado.

"Jesus estima que a Ele nos cheguemos tais como somos, pecaminosos, desamparados, dependentes. Podemos ir a Ele com todas as nossas fraquezas, leviandade e pecaminosidade, e rojar-nos arrependidos aos Seus pés. É Seu prazer estreitar-nos em Seus braços de amor, atar nossas feridas, purificar-nos de toda a impureza.'' – Caminho a Cristo, pág. 52.



PERDÃO - TEMA 2

O perdão não fará nenhum benefício ao pecador, a menos que ele o aceite.

Talvez você já tenha ouvido a história de certo homem que, há alguns anos, estava no corredor da morte, aguardando sua execução. Alguém tomou seu caso, pleiteando por sua vida, e lhe foi concedido perdão. Mas ele se recusou aceitá-lo.

A recusa causou um rebuliço nos círculos judiciários. O que fazer com um homem que se recusa a ser perdoado? O caso, finalmente, foi encaminhado à Suprema Corte, e a sentença pronunciada. Se o perdão é concedido mas não é aceito, não pode ser forçado. E o homem que recusou ser perdoado foi levado à morte.

A humanidade está sob a sentença de morte. Estamos aprisionados neste planeta, aguardando a execução. Mas Jesus assumiu o nosso caso. Ele desceu e morreu em nosso lugar, removendo nossa penalidade, tornando-Se o nosso substituto. Ele nos oferece o perdão. Mas podemos recusar aceitá-Lo.

O perdão é uma transação de mão dupla. A fim de que ocorra o perdão, ele precisa tanto ser concedido quanto aceito.

Já viu isto acontecer a nível humano? Alguém já o ofendeu e você se dirigiu a ele oferecendo o perdão, apenas para ser rechaçado? Já descobriu por você mesmo que o perdão tem de ter mão dupla? Você pode ser sempre compassivo. Pode sinceramente ansiar a restauração do relacionamento. Mas se a outra pessoa não aceita o perdão que lhe estende, não ocorre o perdão.

Em S. Lucas 17:3, Jesus disse a Seus discípulos como deveriam reagir ante os que pecassem contra eles: "Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe." Se ele se arrepender, perdoa-lhe. Não diz: ''Se teu irmão pecar contra ti, perdoa-lhe.''

No verso 4, Jesus traça as linhas com maior proximidade. ''Se por sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe." Outra vez, o errante deve arrepender-se a fim de ser perdoado.

Deus tem tão alta consideração por nosso poder de escolha que jamais nos impõe Seu perdão. Oferece-o livremente; anima-nos a aceitá-lo. Mas a escolha final é nossa. Podemos recusá-lo, se assim o desejarmos.

Ao estar sendo pregado na cruz, Jesus orou por aqueles que O crucificavam. Suas palavras deveriam ser repetidas através dos tempos, até o nosso: ''Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem." Seu perdão era ilimitado, estendendo-se até mesmo àqueles que O estavam levando à morte. Ele orou especificamente por eles. Mas Sua oração foi respondida? O que decidiria se sua oração seria respondida?

O Desejado de Todos as Nações, pág. 745 nos diz: "Alguns, por sua impenitência, tornariam, a Alguns, por sua impenitência, tornariam, a seu respeito, uma impossibilidade o deferimento da súplica de Jesus."



Deus fez provisão para o perdão – oferecido livre e abundantemente. Jesus proveu a atmosfera para o perdão. E alguns aceitaram, outros recusaram. Para os que recusaram, Seu perdão não teve efeito. Beneficiou somente aqueles que estavam dispostos a aceitá-lo.



O perdão está disponível. O sacrifício de Jesus na cruz foi suficiente para incluir em Sua salvação toda alma já nascida neste mundo. O único que pode impedi-lo de ser perdoado é você mesmo. A decisão é sua. O perdão será seu, se o aceitar.



PERDÃO - TEMA 3
O perdão de Deus não é limitado, mas nossa aceitação de Seu perdão pode ser.
Ele pensava que tinha cometido um crime perfeito. Por vários anos agora, seu estratagema parecia ter tido êxito. Seu emprego no governo havia-se revelado um degrau certo para o sucesso financeiro. Seu salário mensal parecia uma piada em comparação com a quantia que ele regularmente desviava.

Às vezes ele se preocupava um pouquinho. Quanto mais conseguia amealhar, mais parecia gastar. Mas sua esposa gostava de coisas boas, seus filhos estavam acostumados com a boa vida, e assim ele deixou de lado seus temores e continuou levando avante seu plano.

Então, um dia todo o seu mundo desabou. Auditores examinaram inesperadamente as contas em minúcias e ele não teve tempo de acobertar suas falcatruas. Para seu desalento, foi detido e acusado de dever dez milhões de dólares ao governo. Não podia imaginar para onde tinha ido o dinheiro. Não sabia dizer o que sucederia com ele agora. Sua esposa e filhos seriam humilhados. Sua linda casa seria apreendida e o resultado da venda aplicado para abater seu débito. Mas mesmo com a liquidação de todo o seu patrimônio, ele ainda ficaria devendo milhões. E como poderia esperar montar outro esquema para recuperar suas finanças, se permaneceria por algum tempo na cadeia?

Finalmente, chegou o seu dia no tribunal. Ele fez a única coisa que estava ao seu alcance. Apresentou-se perante o juiz e confessou-se culpado, como requeria a acusação. Mas apelou à misericórdia da corte suplicando tempo para fazer a restituição. Para sua surpresa, o juiz suspendeu-lhe a sentença, conquanto tivesse sido considerado culpado. Ele saiu do tribunal como um homem livre. Mas não estava realmente livre. Pois tinha posto na mente que de alguma forma devolveria o dinheiro que havia embolsado. Fosse como fosse, ele sentia que permaneceria como devedor do governo para sempre.

No caminho para casa, apresentou-se-lhe a primeira oportunidade. Encontrou um companheiro de trabalho que lhe devia 30 dólares. Não era muito, mas já era um começo, e, além do mais, ele agora teria que viver por seus próprios meios, sem a ajuda de rendas extras. Assim, ele exigiu os 30 dólares.

Seu colega de trabalho alegou não dispor dessa quantia. Mas a dívida já era antiga, e ele já tinha sido por demais generoso. Assim, ele apresentou queixa contra o homem em um tribunal de pequenas causas.

Poucos dias depois, quando o caso veio a julgamento, o juiz que presidia a corte era o mesmo que o havia deixado livre. Quando o juiz viu que o queixoso era o mesmo homem que recentemente estivera, ele mesmo na corte, ficou irado. Tomou imediatamente as medidas necessárias para impor outra vez a sentença suspensa. E o homem foi levado à prisão, enquanto suas acusações contra seu colega de trabalho eram retiradas.

Este relato, registrado em S. Mateus 18, ensina uma verdade importante sobre o perdão. O perdão de Deus é ilimitado. Nossa aceitação de Seu perdão é que às vezes é limitada, e entra em curto-circuito Seu plano para livrar-nos da condenação por nossos pecados.

Jesus narrou esta história em resposta à pergunta de Pedro quanto à freqüência com que deveria perdoar a seu irmão. Jesus deu Sua famosa resposta dos setenta vezes sete, indicando a infindável misericórdia de Deus para conosco.

Setenta vezes sete não significa que Deus mantém uma tabela, e quando alcançamos as 490 vezes, então acabou. Seu perdão não conhece limites. Mas freqüentemente nos tornamos descoroçoados e envergonhados, e paramos de pedir. Deixamos de buscar o Seu perdão, porque julgamos que já fomos longe demais. Assim, colocamos em Seu perdão limites que Ele jamais intencionou.

Ou podemos achar-nos simpatizando com o homem da história. Esse homem que teve o perdão de sua dívida em 10 milhões de dólares, nunca realmente aceitou o perdão oferecido. É verdade que ele suplicou misericórdia, mas "quando o devedor pediu ao seu senhor misericórdia, não tinha verdadeiro conhecimento do vulto da dívida. Não reconheceu seu estado irremediável. Tinha esperança de livrar-se a si mesmo." – Parábolas de Jesus, pág. 245.

Seu tratamento para com o colega demonstrava sua falha em aceitar o perdão oferecido. E, quando o juiz reverteu a sentença e mandou-o para a prisão, em realidade estava meramente aceitando a própria escolha do homem. Pois Deus nunca força ninguém a aceitar o Seu perdão.

Quando vemos a verdadeira enormidade de nossos pecados e nosso total desamparo para livrar-nos a nós mesmos, não devemos desesperar-nos. Quanto maior for nosso débito, maior será nossa necessidade da misericórdia de Deus e Seu perdão. E devido a Seu grande amor, não há nada que Deus mais deseje do que perdoar-nos e dar-nos liberdade.



PERDÃO - TEMA 4

Aqueles que são muito perdoados, muito amarão. Aqueles que muito amam, muito obedecerão.
Você gosta de Pedro? Parece que o seu nome vem à tona mais freqüentemente do que o de qualquer outro discípulo. Muitas vezes as pessoas confessam identificar-se com ele. Ele corria riscos. Ousava fazer as perguntas erradas. Arriscava-se a dar as respostas erradas.

Pedro foi aquele que se dirigiu a Jesus com a pergunta clássica sobre perdão, registrada em S. Mateus 18:21: "Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?" Ele estava fazendo sobretudo uma indagação retórica; estava bem convicto de suas conclusões. Sete vezes parecia muita coisa para Pedro. Os fariseus só iam até três. Pedro estava disposto a dobrar o limite deles, e mesmo ir um passo além, chegando ao número "perfeito". Muito bem, Pedro!

Mas, espere um momento, antes de julgar a Pedro. Logicamente, você já conhece a resposta de Jesus. "Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete." Verso 22. Mas ponha isso de lado por um momento e lembre-se da última vez que seu vizinho ou amigo, ou membro da família, fez algo que requeresse o seu perdão. E você lho concedeu. Mas fizeram novamente a mesma coisa. E você mais uma vez perdoou. Até sete vezes. Por essas alturas já não teria completado sua quota de perdão? Afinal de contas 490 é uma porção de vezes!

Nossa família viveu por sete anos no Colégio União do Pacífico, no norte da Califórnia. O colégio está localizado no alto de uma região de montanhas, como dizem por lá, "a oito milhas do mais próximo pecado conhecido''. É um gueto adventista, se já viu algum. E nesse tipo de ambiente, o pregador é chamado para exercer todo tipo de função – chefe de polícia, juiz de paz, jurado, tudo junto.

Certo domingo o telefone tocou. Um dos paroquianos desejava que resolvesse uma questão com seus vizinhos. O cavalo dos vizinhos tinha avançado sobre suas petúnias. E ele achava que eu era a pessoa certa para resolver a situação!

A resposta que eu poderia ter dado a esta pessoa se acha em S. Lucas 17:3 e 4: "Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender perdoa-lhe. Se por sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe." (Mesmo Pedro acharia provavelmente que seria demais se as "sete vezes'' ocorressem num único dia!) Que tal se eu tivesse dito ao homem das petúnias: "O que precisa fazer é perdoar. E se o cavalo do vizinho andar sobre suas petúnias seis vezes mais hoje, perdoe-lhe mais seis vezes. Biblicamente falando, esse cavalo pode ainda andar 489 vezes sobre suas petúnias! Por esse tempo já há muito deixou de existir qualquer petúnia que ele possa pisotear?"

Jesus recomendou o perdão ilimitado. E ele não nos pediria para ser mais perdoadores do que Deus é. Assim, sabemos que o perdão de Deus também não conhece limites, na medida em que continuarmos indo a Ele e pedindo perdão, e recebendo o Seu dom de perdão.

Mas às vezes as pessoas ficam nervosas exatamente aí. Indagam: "Mas isso não pode levar à licenciosidade?" Se os vizinhos, donos do cavalo, fossem perdoados 490 vezes, ou mesmo 7 vezes num único dia, não iriam começar a pensar que o cavalo deles tinha o direito de pisotear as flores? O ensino do perdão ilimitado não nos poderia induzir a ver a graça de Deus como frouxa, e a dela abusar?

Jesus respondeu a esta pergunta em Sua parábola a Simão sobre os dois devedores. Veja S. Lucas 7. Ele disse a Simão e Maria e aos discípulos que ouviam, que aquele que muito é perdoado, muito ama. Quanto mais for perdoado, mais você amará.

Agora precisamos acrescentar um texto mais: S. João 14:15. " Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos." Aí está. O perdão de Deus é ilimitado. Mas isso não conduz à licenciosidade, porque quem é muito perdoado, muito amará. E quanto mais você ama, mais você obedece. É assim simples.

"Jesus conhece as circunstâncias de toda alma. Podeis dizer: Sou pecador, muito pecador. Talvez o sejais; mas quanto pior fordes, tanto mais necessitais de Jesus. Ele não repele nenhuma criatura que chora, contrita. Não diz a ninguém tudo quanto poderia revelar, mas manda a toda alma tremente que tenha ânimo. Perdoará abundantemente todos quantos a Ele forem em busca de perdão e restauração." – O Desejado de Todos as Nações, pág. 568.



PERDÃO - TEMA 5

O perdão é gratuito, mas não é barato. Custou a vida do querido Filho de Deus.
Certo dia estávamos discutindo o problema de notas numa aula do colégio que eu estava ministrando. Perguntei aos alunos: "Vocês não prefeririam que todos na classe recebessem 10 sem levar em conta quão duro se prepararam para a prova? Ou crêem que devem obter nota máxima apenas se se esforçaram bastante para conquistá-la?"

Eles disseram com ares de santidade: "Oh! preferimos esforçar-nos bastante para conseguir nossas notas!" Não acreditei muito neles! Já havia ouvido os costumeiros lamentos toda vez que anunciava uma prova ou teste. Tinha já enfrentado o repertório regular de desculpas por não terem preparado as lições de casa a tempo. Também já tivera que suportar aqueles estudantes que ficam argumentando o dia inteiro para tentarem obter um ponto extra. "Ora, vocês estão apenas tentando impressionar o professor! Sejam honestos. Não vou dar notas de avaliação a vocês por isso. Não desejam uma média de notas alta? Por que não seria uma boa coisa que cada um nesta classe tivesse a garantia de nota máxima?

Eles disseram: ''Não aprenderíamos tanto. Não nos lembraríamos tão bem da matéria ensinada. Não teremos prazer numa nota a menos que tenhamos lutado para alcançá-la."

E eu não podia convencê-los do contrário!

Você concorda com esses estudantes? O que torna algo mais valioso para você – recebê-lo como um presente, ou ter que trabalhar para obtê-lo?

Se o seu senhorio paga a conta de água, significa isso que você utiliza a água com mais cuidado, ou mais liberalmente? Você é mais meticuloso ao endereçar um envelope timbrado da firma do que ao empregar um seu próprio, na sua casa? Se você aluga um carro com quilometragem ilimitada, dirige mais ou menos o carro? Quando viaja por conta da firma, se hospeda no mesmo hotel que escolheria para sua família em férias?

Se é verdade que os seres humanos tendem a atribuir maior valor a coisas para obter as quais tiveram que exercer empenho, então por que Deus não estabeleceu um sistema de salvação pelas obras? Como podemos realmente apreciar o perdão ou arrependimento, ou o Céu por fim, se isso vem somente como uma dádiva?

Romanos 6:23 declara: ''O dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.'' Atos 5:31 declara: "Deus, porém, com a Sua destra, O exaltou a Príncipe e Salvador, a fim de conceder a Israel o arrependimento e a remissão de pecados." Portanto, o perdão e o arrependimento e a salvação são dons, não algo que obtemos por mérito. Como, pois, podemos verdadeiramente dar-lhes o valor que merecem?

Para encontrar uma resposta a este dilema, precisamos compreender a natureza do perdão.

O Maior Discurso de Cristo, pág, 114, descreve-o dessa maneira:

"O perdão de Deus não é meramente um ato judicial pelo qual Ele nos livra da condenação. É não somente perdão pelo pecado, mas livramento do pecado. É o transbordamento de amor redentor que transforma o coração."

Assim, o perdão não é meramente uru ato judicial. É mais do que purificação dos livros do Céu. É mais do que um aceno de cabeça em direção ao Céu. É um relacionamento restaurado com uma Pessoa. É uma transação de amor.

O amor faz diferença, mesmo a nível humano no dar e receber dons. Uma criança pode trabalhosamente reunir pauzinhos de picolé com outros artigos, e preparar um horrível trabalho de arte para a escola, é seus pais vão atribuir o maior valor à coisa, por causa do amor - a despeito de sua ausência de valor intrínseco. Quanto mais não deveríamos valorizar uma dádiva; se tanto a dádiva quanto quem a concede são importantes para nós!

Suponhamos que você esteja num hospital com deficiência renal, é seu irmão se apresente com o oferecimento de um de seus rins para salvar-lhe a vida. Você seria capaz de dizer: ''Bem, eu gostaria de poder dar o verdadeiro valor deste rim; então, permita-me pagar-lhe dez mil reais por ele"? Seu irmão se sentiria insultado! O fato de que a dádiva tem tão grande valor e é concedida por alguém que nos ama tanto, coloca-a acima de qualquer preço.

O amor faz a diferença. A necessidade faz a diferença. Se se estivesse afogando, e alguém lhe lançasse um salva-vidas, você diria: "Espere um pouco! Com o que lhe posso pagar por isso? Não posso realmente usar esse salva-vidas a menos que o haja adquirido"? Não, seu senso de necessidade impede-o de ter tal tipo de pensamento.

O que impede o perdão de ser barato, mesmo sendo gratuito? É o reconhecimento de nossa desesperada necessidade. É a compreensão de quanto custou ao Céu o ser capaz de oferecer este tipo de dádiva. E reconhecer o amor por trás da dádiva, o profundo anseio do coração do Pai por reconciliação com Seus filhos. Com uma necessidade como a nossa – e um amor como o Seu – somente uma dádiva podia responder.