RELACIONAMENTO

RELACIONAMENTO - TEMA 1

Justificação pela fé é uma experiência, não uma teoria apenas.

Permita-me dar-lhe uma receita para torta de morangos: Você coloca um pedaço de bolo no fundo de uma forma grande. Alguns empregam bolo de consistência fofa; outros, preferem um tipo de material mais firme. Há também os que preferem bolo branco, simples. Seja o que for que empregue, você forma uma pilha de morangos sobre essa base. Se for inverno, poderá ter que usar morangos congelados. Mas a fruta fresca é melhor. E depois, por cima dos morangos, coloque bastante creme chantilly.

Os detalhes ou métodos podem variar ligeiramente de pessoa para pessoa. Mas uma coisa é certa. Torta de morangos é uma experiência, e não só uma teoria! Todas as variações dos três ingredientes – bolo, morangos e cobertura de chantilly – têm um objetiva único no final de contas. Afim de apreciar plenamente torta de morangos, você tem que experimentá-la.

Falamos sobre os três ingredientes tangíveis na vida cristã que entram na constituição dessa coisa chamada "relacionamento". Temos conversado sobre estudo bíblico, oração e testemunho cristão ou serviço aos semelhantes. Nesta seção, irei tratar sobre a "receita" para uma vida devocional significativa.

Mas, acima de tudo isso, você deve compreender claramente um fato: A teoria à parte da experiência é de pouco valor. A fim de tirar proveito da "receita", você deve prová-la por você mesmo!

Há uma vasta diferença entre conhecer alguém, e simplesmente conhecer sobre alguém. Você pode ler sobre Abraão Lincoln ou Florence Nightingale. Pode conhecer a história deles, memorizar suas declarações, admirar-lhes a vida. Mas você não pode ter um relacionamento pessoal com eles. Não pode conhecê-los; pode apenas saber a respeito deles.

Muitos cristãos se têm contentado com saber sobre Deus. Reúnem informação de Sua Palavra de vez em quando. Discutem sobre Ele na classe da Escola Sabatina semana após semana. Reconhecem que Ele é amorável, e justo, e misericordioso. Admiram-no à distância. Mas nunca chegam a conhecê-Lo por si mesmos numa comunhão pessoal um a um.

O salmista declara: " Oh! provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nEle se refugia." Salmo 34:8.

O Desejado de Todas as Nações, pág. 347 nos diz:

"Falar de religião de maneira casual, orar sem ter a alma faminta e viva fé, nada aproveita. A fé nominal em Cristo, que O aceita apenas como o Salvador do mundo, não pode nunca trazer cura à alma. A fé que opera salvação, não é mero assentimento espiritual à verdade. ... Não basta crer no que se diz acerca de Cristo; devemos crer nEle. A única fé que nos beneficiará, é a que O abraça como Salvador pessoal; que se apropria de Seus méritos."

A receita é importante. Mas o provar e experimentar é ainda mais importante. Poderá ler sobre uma boa receita, mas só pode tomar a decisão de prová-la por você mesmo!

Existe uma receita de relacionamento com Cristo? Eis aqui uma que muitos têm achado significativa. Tome tempo, sozinho, no início de cada dia para buscar a Jesus mediante Sua Palavra, e por meio da oração.

Tome tempo. Relacionamentos não se dão num instante. Ouvimos falar muito nestes dias sobre "qualidade" de tempo versus "quantidade" de tempo. Mas há limites quanto ao montante de qualidade que pode receber ou dar se a quantidade for insignificante.

Sozinho. É no convívio com a outra pessoa que ocorre a mais profunda comunhão. Isso é verdade em matrimônios, famílias e amizades. É também verdade com relação a Deus.

No início de cada dia. A regularidade é importante. Esteja em pauta seguir um programa de exercícios, aprender a tocar piano ou fazer um amigo, o contato raro não é suficiente.

Buscar a Jesus. O enfoque da vida devocional sempre será Ele. A vida devocional não pretende ser um estudo de profecia ou doutrina ou temperança. É familiarizar-se com uma Pessoa.

Mediante Sua Palavra e mediante oração. Ele nos fala mediante Sua Palavra; nós Lhe respondemos mediante a oração. Falar e ouvir são elementos básicos da comunicação.

Não se detenha na receita apenas; seja de torta de morangos ou sobre como conhecer a Deus. Experimente-a por você mesmo. Somente então você realmente compreenderá o seu valor.



RELACIONAMENTO - TEMA 2

A vida devocional do cristão não é opcional. O relacionamento com Deus é a base integral da vida cristã ativa.

Alan jamais pensava em passar da hora de acordar. Havia colocado o despertador para soar às 6:30h como sempre, mas estivera acordado até tarde na noite anterior. E, quando o alarme tocou, despertou apenas o suficiente para apertar o botão de desligar e tomar a cair no sono. Quando finalmente acordou, já eram 7:55h, e sua primeira aula estava a cinco minutos, após sua corrida através do campus.

Agora, por favor não me entenda mal. Alan realmente acreditava na importância de vestir-se pela manhã – e barbear-se, e escovar os dentes, e pentear o cabelo. Mas simplesmente não havia tempo. O professor de sua aula das oito não lhe perdoaria a ausência ou atraso, e, além disso, ele teria um teste naquela manhã. Apesar de detestar ter que fazê-lo, Alan pulou da cama, apanhou seus livros e cadernos e correu para a porta. Escorregou sobre sua carteira exatamente no momento em que soava a sineta.

Você já conheceu um Alan? Passei a maior parte de minha vida numa sala de aulas ou em suas proximidades; os primeiros dezesseis anos como estudante, seguidos de pelo menos dezesseis anos adicionais como professor de meio-período. Já vi milhares de estudantes, e nunca vi um que viesse para a sala de aulas de pijamas! De algum modo, não importa quão ocupados estejam, quão tarde acordem pela manhã ou quão importante seja a aula, eles conseguiram ajustar seus horários de forma a se apresentarem em classe plenamente vestidos!

Contudo, não só estudantes, mas pessoas mais idosas também, alegam repetidas vezes que não conseguem dedicar um tempo regular para a vida devocional com Deus, porque não dispõem de tempo.

Numa convenção médica no Leste, poucos meses antes de redigir este manuscrito, ouvi isso outra vez. A esposa de um médico perguntou, com evidente sinceridade: "Mas que fazer, se a gente não tem tempo?"

Encontramos tempo para nos vestir e nos arrumar todo dia. Encontramos tempo para tomar nossas refeições. Contudo, deixamos de achar tempo para revestir-nos do manto da justiça de Cristo e comer o Pão da Vida. Qual é o problema? É falta de tempo? Não. Cada um de nós tem vinte e quatro horas no dia. Não nos falta tempo; falta-nos motivação.

Quando declaramos que não temos tempo para uma coisa, estamos realmente dizendo que não a consideramos importante. É ainda verdade que você dispõe de tempo para o que julga ser o mais importante. Falta de tempo não é uma escusa para nada, mesmo neste mundo. As coisas para que você tem tempo são aquelas a que você atribui maior valor, e as coisas para que você não dispõe de tempo são as que você julga menos importantes. É tão simples quanto isso.

Jesus indicou isto a Marta, quando hóspede em sua casa em Betânia. Ela não tinha tempo para assentar-se a Seus pés, e não julgava que Maria tivesse tempo também! Não se preocupe com a entrevista pessoal com o Filho de Deus – o fato importante na mente de Marta era ter o jantar pronto sobre a mesa! E Jesus teve que lembrá-la sobre o que era necessário e o que não era. "Marta! Marta! andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada." S. Lucas 10:41 e 42.

Você pensa que é sua condição de membro da igreja que lhe garantirá a salvação? Julga que é seu comportamento moral? Julga que é o "trabalhar para o Senhor'', mesmo se esquecendo do Senhor da obra? Ou crê em S. João 17:3, segundo o que "a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste"?

É-nos dito que "nosso eterno bem-estar depende do uso que fazemos, durante esta vida, de nosso tempo.'' – Testimonies, vol. 5, pág. 375. Entretanto, quantas vezes temos decidido, por nossos atos, que não dispomos de tempo para Deus!

Hoje você é convidado para o relacionamento e comunhão com Jesus – a coisa, acima de todas as outras, para a qual cada um de nós deveria reservar tempo. Se você não tiver tempo para Ele, não tem tempo para viver!



RELACIONAMENTO - TEMA 3

Se não tomarmos tempo para a Bíblia e a oração, iremos morrer espiritualmente.

Qual foi o maior espaço de tempo que já passou sem comer? Quase todos provavelmente já ficamos sem uma refeição de quando em quando. Que tal 24 horas sem comer? Já passou todo esse tempo sem alimentar-se? Às vezes a gente tem que jejuar por todo esse tempo antes de uma cirurgia importante. Mas que tal passar 24 horas sem comer quando estamos com boa saúde e empenhados em atividades normais? Já fez isso alguma vez?

A Bíblia diz que Jesus e Moisés passaram 40 dias sem comer. Também registra que Deus os sustentou de maneira especial durante esse tempo. Podemos dizer com segurança, que, para a maioria de nós, jejuar direto ainda que só por 24 horas talvez não seja comum.

Quando freqüentava a universidade, o refeitório tinha certa cota de cobrança mínima por estudante. Se você comesse mais, pagaria mais. Mas se comesse menos, ainda assim pagaria a taxa mínima.

Certo mês, decidi comer menos do que o mínimo; assim não teria que pagar mais. Por toda uma semana, durante aquele mês, não comi nada! Bebia suco, e somente isso! Não só era capaz de prosseguir com minhas atividades regulares, como não me sentia particularmente faminto.

Suponhamos que eu tivesse decidido, após aquela experiência de uma semana, que a forma de atravessar os anos de universidade com o mínimo gasto possível seria continuar nesse padrão ao longo dos quatro anos inteiros. Não demoraria muito para que me apanhassem em alguma calçada e me levassem para o hospital, não é mesmo?

Em S. João 6, Jesus comparou a vida espiritual de comunhão e relacionamento com Ele com a vida física. Ele disse: "Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o Seu sangue, não tendes vida em vós mesmos." Verso 53. Tal como ocorre com uma lei da vida física, assim o será na vida espiritual: se você não comer, irá morrer. Pode não acontecer do dia para a noite, seja física ou espiritualmente. Mas a lei é, não obstante, certa quanto a tudo isso. O resultado final será inevitável.

A Sra. White nos disse que "Far-nos-ia bem passar diariamente uma hora a refletir sobre a vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais." – O Desejado de Todos as Nações, pág. 83.

Esta é a receita para uma dieta espiritual bem equilibrada. Quando nosso alimento espiritual se centraliza na vida de Cristo, nós crescemos.

A oração tem sido chamada de "respiração da alma". E isso estabelece limites ainda mais estreitos. Você pode ser capaz de passar um dia sem comer, mas ninguém pode passar um dia sem respirar!

Assim, quando eu falo de um relacionamento com Cristo, não me refiro a algo supérfluo que irá beneficiá-lo se você tiver tempo ou inclinação para tirar vantagem do fato. Estou falando sobre vida e morte. Se não comer ou respirar espiritualmente, você morrerá. Só com a contínua comunhão e companheirismo com Cristo a vida espiritual perdurará.



RELACIONAMENTO - TEMA 4

Só porque você lê a Bíblia e ora não significa que terá um relacionamento com Deus. Mas se não o fizer, não terá.
Toda vez que surge um debate sobre a vida devociona1 do cristão e a importância de passar tempo, dia após dia, com Deus em Sua Palavra e em oração, alguém pergunta: "Não é possível que a vida devocional se transforme em apenas outro sistema de salvação pelas obras?"

Quando perguntam se a vida devocional não poderia tornar-se outro sistema de obras, o que querem dizer com isso? Estão falando sobre ganhar ou merecer a salvação por dedicarem tempo demais à oração e estudo da Bíblia? Poderia ser um erro capital terminar buscando algum tipo de justiça por meio da vida devocional, em vez de justiça pela fé em Jesus.

Talvez devêssemos dizer aqui novamente que a justificação vem pela fé em Jesus Cristo somente. Ponto final! Nada que possamos fazer pode ganhar ou merecer nossa salvação.

Mas precisamos aceitar a salvação a fim de beneficiar-nos dela, ou o mundo inteiro, inclusive o diabo e seus anjos, seriam finalmente salvos. O sacrifício de Jesus foi suficiente; foi suficiente para a salvação do mundo inteiro. Mas nem todos o aceitarão.

Nem nossa salvação é aceita de uma vez por todas – tem que ser aceita diariamente. O propósito de ir a Cristo numa base diária é aceitar novamente Sua graça, poder e salvação. Ela inclui muito mais do que isso, como observaremos na Tese 95. Mas inclui uma contínua aceitação de salvação. Portanto, não é uma questão de mérito, é uma questão de método.

No entanto a pergunta – "Não é possível que a vida devocional seja somente outro sistema de obras?'' – tem outra dimensão. E isso tem que ver quanto a se é fácil, espontânea e automática, ou se há obra envolvida. A vida devocional não é uma questão de obras, mas é obras! Esta distinção é importante.

Muitas coisas na vida cristã são dons. E você não trabalha por uma dádiva. Fé é dádiva, arrependimento é dádiva, vitória é dádiva e salvação é dádiva. Mas há uma coisa que não é dádiva. Deus nunca prometeu buscar a Si próprio por nós. Ele nunca prometeu aceitar a Si próprio por nós. Nunca prometeu familiarizar-Se com Ele próprio por nós.

Nem tudo na vida cristã é espontâneo. Às vezes, pode ser uma alegria buscar a Jesus para ter comunhão e companheirismo pessoal. Outras vezes isso pode exigir toda partícula de força de vontade e disciplina própria, de fibra e determinação que possuamos. Paulo chama a isso "combate da fé". I Timóteo 6:12. Não cremos numa religião passiva. O homem tem uma parte a cumprir ao cooperar com Deus para sua recuperação, em operar sua própria salvação.

Que tragédia é que tantos cristãos tenham compreendido mal esta verdade! Temos despendido tempo interminável e enorme energia e força de vontade, tentando forçar-nos a fazer o que não podemos realizar e que Deus prometeu fazer por nós. E não temos feito aquilo que Ele nos convidou a fazer buscá-Lo. Temos esperado estar na "disposição mental", esperado que a experiência devocional nos venha espontaneamente.

Se você já tentou passar tempo regular com Deus, sabe que isso pode ser tarefa difícil. Já se achou olhando ao relógio para ver quanto tempo ainda tem? Já folheou as páginas seguintes daquele capítulo que está lendo para ver quantas páginas mais há? Já achou difícil orar? O que faz quando isso acontece?

Bem, uma coisa é certa – desistir não ajuda. Como disse alguém, "quando for duro orar, ore duramente''.

O Maior Discurso de Cristo, pág. 115, diz: "Quando sentimos que pecamos, e não nos é possível orar, é o momento de orar." Assim, nos momentos em que achar a vida devocional uma subida íngreme, a coisa que não deve fazer é desistir.

Ler a Bíblia e orar não é garantia de vida e saúde espirituais. É possível fazer ambas as coisas e ainda manter o coração longe de Deus. Os fariseus o fizeram. E o mesmo pode ocorrer-lhe. Mas uma coisa é certa: Você não pode manter a vida espiritual se não buscar a Jesus mediante Sua Palavra e por meio da oração. Somente porque você come e respira não garante uma saudável vida física. Mas não seria saudável se não o fizesse.

Existem problemas em prosseguir na vida devocional? Certamente! Há problemas em prosseguir na vida física. O ar é poluído. Existem germes nos alimentos. Mas nenhum problema é tão grave que torne o comer ou o respirar opcionais. A vida espiritual pode prosseguir somente ao persistirmos em buscá-Lo.



RELACIONAMENTO - TEMA 5

O propósito principal da oração não é obter respostas, mas conhecer a Jesus.
Pense por um instante sobre um de seus melhores amigos. Essa poderia ser uma tarefa bem agradável! Permita que sua mente remonte ao tempo em que estiveram juntos pela última vez. Sobre que falaram? O que fizeram? Como passaram o tempo juntos?

Agora, considere duas coisas. Primeiro, quanto de seu tempo, juntos, você passou pedindo perdão a seu amigo? E quanto de seu tempo, juntos, passou pedindo-lhe favores?

Você às vezes precisa pedir perdão a um bom amigo? Certamente. Alguma vez pede favores a amigos? Com toda certeza. Mas se essa fosse a base integral do relacionamento, este não permaneceria por muito tempo, não é verdade?

Deus nos convida a fazer amizade com Ele. Jesus disse em S. João 15:14 e 15: "Vós sois Meus amigos... Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos."

Caminho a Cristo, pág. 93, declara: "A oração é o abrir do coração a Deus como a um amigo."

Deus é bom em dar e perdoar. Ele nos convidou para pedir. Ele Se deleita em dar.

"Faz parte do plano de Deus conceder-nos, em resposta à oração da fé, aquilo que Ele não outorgaria se o não pedíssemos assim." – O Grande Conflito, pág. 525.

Deus não é mesquinho com Suas bênçãos Ele encheu Sua Palavra de promessas para animar-nos a ir a Ele. Ao esperar que peçamos Suas prometidas bênçãos, está Ele honrando nossa faculdade de escolha.

Mas às vezes nos envolvemos tanto com o pedir e receber que nos esquecemos do muito mais que está em disponibilidade. Deus deseja mais do que simplesmente suprir as nossas necessidades. Ele deseja o nosso amor.

Ele nos tem concedido "preciosas e mui grandes promessas" (II S. Pedro 1:4), mas nunca nos deu a garantia de que toda promessa da Bíblia é para nós, neste tempo, e sob essas circunstâncias. As promessas de bênção espiritual podemos sempre reclamar. É sempre Sua vontade perdoar os nossos pecados, dar-nos poder para obedecer e poder para trabalhar em Seu serviço. Mas quando se trata de promessa de bênçãos temporais – mesmo a vida – precisamos submeter nossa vontade à dEle e aceitar Sua escolha por nós. A Bíblia contém promessas tanto de libertação quanto de força para sermos fiéis até a morte. Compete a Deus decidir que dons são apropriados para cada necessidade.

Significa isto que não deveríamos solicitar nem mesmo as benções temporais? Não, é sempre correto pedir. Deus nos pediu que pedíssemos! Bem no meio da oração do Pai Nosso há um pedido para uma bênção temporal, "o pão nosso de cariz dia dá-nos hoje''.

"Ensinando-nos a pedir cada dia o que necessitamos - tanto as bênçãos temporais como as espirituais - Deus tem um propósito para nosso bem. Deseja que reconheçamos nossa dependência de Seu constante cuidado; pois procura atrair-nos em comunhão com Ele." – O Maior Discurso de Cristo, pág, 113.

Observe para que Ele nos convida a pedir, em lugar de simplesmente conceder-nos as bênçãos espirituais e temporais de que precisamos sem que solicitemos. É para ensinar-nos dependência dEle e atrair-nos à comunhão com Ele.

Deus não é o tipo de amigo que fala somente de Seus próprios interesses. Ele nos convida a ir e falar com Ele sobre o que está em nossa mente. Deseja ouvir sobre o que estamos pensando e sentindo. Deseja compartilhar de nossas alegrias e tristezas.

Às vezes as pessoas perguntam: "Mas Deus já não sabe tudo a nosso respeito?'' Logicamente que sim! Mas mesmo nos relacionamentos humanos, falar, por falar, é importante. Mesmo a nível humano, as informações quase não são tão importantes como a comunicação que ocorre quando as pessoas compartilham.

Suponhamos que você tenha um amigo íntimo que recebe alguma noticia agradável. Talvez haja lido sobre essas notícias no jornal e, uma vez que o conhece e sabe algo sobre seus sonhos, alvos e personalidade, diz a você mesmo: ''Meu amigo ficará realmente feliz."

Então suponhamos que ele o chame ao telefone e diga: "Adivinhe o que aconteceu!"

"Nem precisa contar, meu caro, eu já sei. Li no jornal e sei como está emocionado. Agora chega desse assunto. Falemos sobre outra coisa." É assim que você reage?

Não, você o ouve contar tudo. Compartilha de seu entusiasmo. Sente-se honrado por ele ter partilhado aquilo com você, pois é uma declaração de amor e amizade.



Deus dispõe de todas as informações de que precisa. É a comunhão com aqueles que Ele ama que está faltando. E por isso que Ele nos convida a partilhar nossa vida com Ele.







RELACIONAMENTO - TEMA 6

O principal propósito do estudo da Bíblia não é obter informação, mas conhecer a Jesus.
Um grupo de cristãos nas Ilhas dos Mares do Sul desce até a praia cada manhã para olhar para o oriente e ver se Jesus já está voltando. Eles não ouviram dizer que Deus não ressuscitou mais os mortos, como fazia nos tempos bíblicos. Assim, oram e os mortos são ressuscitados.

Um desses cristãos estava tentando obter do chefe da tribo permissão para que sua filha fosse batizada. A filha havia aceitado a Jesus, mas seu pai lhe proibira de unir-se à igreja.

"Se Deus enviar um terremoto amanhã de tarde, às três horas, você permitirá que sua filha seja batizada?" perguntou o cristão ao chefe.

O chefe concordou.

Na tarde seguinte, ás três horas, houve um tremendo terremoto, e o chefe permitiu que a filha se unisse à igreja.

Este obreiro cristão foi entrevistado por alguém aqui nos Estados Unidos, e o entrevistador perguntou-lhe: ''Por que um terremoto? Não poderia ter pedido algo menos espetacular?"

E o cristão das ilhas do Pacifico Sul respondeu: ''Bem, Deus não pode fazer qualquer coisa? Por que não pedir-Lhe alguma coisa grande?"

Achamos engraçada a fé simples desses "selvagens''. Rimo-nos da fé de uma criancinha. Mas também os invejamos. Com toda sofisticação de nosso conhecimento sobre Deus, às vezes confiamos bem menos nEle.

Não estou dizendo que a informação não seja importante. Deus nos tem propiciado muita informação sobre Si próprio. Ele deseja uma fé inteligente. Mas a informação não é suficiente.

O Desejado de Todas as Nações, pág. 455 faz o seguinte comentário: "A percepção e apreço da verdade, disse Ele, depende menos da mente, que do coração. A verdade deve ser recebida na alma; exige a homenagem da vontade. Se a verdade pudesse ser submetida unicamente à razão, o orgulho não serviria de obstáculo à recepção da mesma."

O diabo tem mais informação sobre Deus do que qualquer um de nós. Contudo, essa informação não foi suficiente para impedi-lo de começar toda a confusão no princípio. Não é suficiente para transformar sua vida hoje. Ele preferiu rebelar-se à plena luz da glória de Deus, com completa informação sobre Deus e Seu caráter. E todas as informações de que era possuidor não foram suficientes para impedir-lhe a queda.

As informações são importantes para a comunicação. Mas não são substitutos para a comunicação.

Às vezes, duas pessoas de culturas diferentes se encontram. Isso se dá freqüentemente durante o tempo de guerra, quando os soldados estão no além-mar. Ocorre com estudantes de países estrangeiros e estudantes missionários. Um moço e uma moça sentem atração um pelo outro e começam um relacionamento. Mas não podem conversar entre si.

Sorriem bastante, andam de mãos dadas e se beijam, e concluem que por ser agradável passar tempo juntos, estão se comunicando. Ele acha que ela é exatamente aquela que estava procurando. Ela julga que ele é a materialização de seus sonhos.

Mas, às vezes, após terem estado juntos por algum tempo, talvez mesmo após se terem casado, descobrem que não têm nada em comum, exceto o sorrir e segurar as mãos e beijar! Suas origens são diferentes, seus gostos divergem, suas idéias sobre o papel de marido e mulher são desiguais, e seus alvos para a vida destoam. E começam os problemas.

A informação e a comunicação precisam andar juntas. Uma das primeiras coisas que acontece quando missionários trazem algum pagão das trevas da idolatria para Cristo é que começam a ensinar-lhes sobre Cristo. Todos, provavelmente, já lemos relatos de pessoas às quais o Espírito Santo trouxe a uma aceitação de Deus antes que o missionário humano as tivesse alcançado. Mas a primeira coisa que geralmente ocorre é que a pessoa é dirigida para a igreja, para a Palavra de Deus, a fim de obter informação sobre Deus, que manterá viva sua fé.

Por outro lado, nos chamados países cultos, a informação sobre Deus tem saturado nossa consciência desde a meninice. Mas temos pequena compreensão sobre comunicação. Podemos falar até a meia-noite sobre detalhes intelectuais e falar sobre Deus cada semana na Escola Sabatina; contudo, nunca tomar tempo para falar com Deus e comunicarmo-nos com Ele pessoalmente.

A Bíblia propicia informação como um trampolim para a comunicação. S. João 17:3 declara: "E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti." Conhecer sobre Deus somente terá valor se conduzir ao conhecimento dEle. É o conhecimento dEle que traz vida.



RELACIONAMENTO - TEMA 7

As coisas muitas vezes vão pior quando oramos, até que aprendemos a buscar a Jesus por causa dEle, não por nossa causa.

Certa vez um estudante me contou: "Desisti de ser cristão duas semanas atrás, e desde então ainda não pequei!" Por outro lado, muitos que se dispõem a começar a buscar um relacionamento pessoal com Deus descobrem que tudo sai errado.

"Muitos que sinceramente consagram a vida ao serviço de Deus ficam surpresos e desiludidos ao encontrar-se, como nunca, rodeados de obstáculos e assediados por provas e perplexidades. Oram para que seu caráter se assemelhe ao de Cristo e se tornem aptos para a obra do Senhor, e contudo são postos em circunstâncias que parecem provocar toda a malícia de sua natureza. São-lhes reveladas faltas, de cuja existência jamais haviam suspeitado. Como o Israel de outrora, perguntam: 'Se Deus nos conduz, por que nos sucedem todas estas coisas?' " – A Ciência do Bom Viver, pág. 470.

Às vezes é difícil aceitar a resposta inspirada oferecida no mesmo contexto, segundo a qual: "É justamente porque Deus os conduz que estas coisas lhes sucedem. As provas e obstáculos são os métodos de disciplina escolhidos pelo Senhor e as condições de bom êxito que nos apresenta." – Idem, pág. 471.

A história de Jó é bastante estranha. Ali estava um homem que era perfeito. Deus disse que ele era perfeito. Ele disse a Satanás: "Observaste a Meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem Integro e reto, temente a Deus, e que se desvia do mal." Jó 1:8.

Contudo, Deus deu ao diabo permissão para atacar a Jó, mesmo sendo Jó perfeito. E da noite para o dia o pobre Jó viu-se deparando com mais problemas do que a maior parte das pessoas enfrenta durante toda a vida. Sua riqueza desapareceu, consumiu-se sua saúde, seus filhos sumiram. E mais ainda, ele perdeu o respeito da esposa, sua reputação na comunidade e a confiança dos amigos.

Qual era a acusação do diabo contra Deus nesse cenário? Ele acusava a Deus de injustiça ao proteger Jó. Acusava a Deus de ser o tipo de Ser que subornava Suas criaturas para que O amassem. Dizia, em essência: "Jó O serve somente por aquilo que consegue extrair de Sua parte."

Mas Deus sabia melhor! Ele sabia o que motivava a vida de Jó. E assim, colocou Sua reputação em jogo, perante o Universo, na pessoa de Seu servo Jó. Ele disse ao demônio: ''Vá em frente, e tente provar o seu ponto de vista."

Às vezes há pessoas que fazem objeções à história de Jó, sentindo que Deus estava usando Jó como um peão em Seu jogo com o diabo. Mas não era Jó que estava em julgamento – era Deus! E Jó, que a princípio não só não entendeu o que se passava, mas nunca teve explicado o fato, até onde vai o registro bíblico, vindicou a Deus perante os mundos atentos!

Ninguém admira um mercenário. Podemos compreender os problemas que os ricos ou figuras de destaque da sociedade enfrentam ao formar amizades verdadeiras. Nem sempre é fácil saber quem deseja ser seu amigo como pessoa, ou quem está somente tentando obter alguma vantagem de você.

A cada pessoa que deixa suas fileiras para unir-se ao lado de Deus, o diabo acusa a Deus novamente. Ele diz: ''Este não está indo a Ti porque Te ama. Ele não está aceitando o Teu serviço em gratidão pelo que o Teu Filho fez por ele. Ele deseja a solução dos seus problemas. Almeja a cura de sua úlcera. Aspira à paz mental. Quer escapar dos fogos do juízo."

Em certo sentido, toda alma que toma uma decisão de aceitar a Cristo reenceta o grande conflito. E o único meio pelo qual Deus pode ser vindicado, o único meio em que pode aceitar nossa decisão por Ele, é dar ao diabo uma oportunidade para tentar convencer-nos contra tal escolha!

Certo estudante me disse: "Se eu tivesse certeza que estou salvo, que meus pecados foram perdoados e que fui aceito por Deus exatamente agora, então eu gostaria que alguém me matasse imediatamente!"

"Por quê?", perguntei.

"Porque teria medo de estragar tudo!"

Mas Deus não quer que as pessoas vão a Ele somente no momento de extrema aflição, e que mudem de idéia quanto a desejarem pertencer a Ele se já contaram com metade da oportunidade. Ele deseja nossa livre escolha. E a fim de nos conceder completa liberdade de escolha, Ele precisa permitir que o inimigo faça o melhor que puder para tentar fazer-nos mudar de idéia.



Não muitos anos atrás, nos Estados Unidos legislou-se sobre um período de "esfriamento" após a assinatura de qualquer contrato importante. Até mesmo o governo faz concessões para uma segunda opinião e garante o direito de mudarmos de idéia. A decisão que pode perdurar nos tempos difíceis, bem como nos tempos bons, é a única livre escolha que tanto Deus quanto o diabo, podem aceitar.







RELACIONAMENTO - TEMA 8

Quem quer que se desencoraja com seu relacionamento por causa de comportamento é legalista.

O que é um legalista? Bem, segundo a definição popular, legalista é qualquer pessoa que espera ganhar o Céu pela observância da lei. O pagão ou o ateu, não seriam legalistas, porque sequer buscam a salvação. Mas quem quer que tenha a mínima esperança de salvação e baseia essa esperança em suas boas obras ou sua própria obediência ou seu merecimento próprio por qualquer meio, é legalista.

A verdade básica da salvação pela fé somente em Jesus Cristo é que nada podemos fazer para obter ou merecer nossa salvação. Somente podemos aceitá-la como uma dádiva. E a aceitamos indo à presença do Doador. Falamos sobre o fato de que o dom da salvação tem de ser aceito dia após dia, e não apenas uma vez por todas no início da vida cristã.

Contudo, ouvimos seguidamente: ''Tenho tentado manter uma vida devocional, e isso não funciona para mim."

Pergunto: "O que você quer dizer? Não foi capaz de relacionar-se melhor com Jesus ao passar tempo estudando-Lhe a vida? Achou que passar tempo com a Palavra de Deus e em oração não o conduziram à comunhão com Deus? Achou que o esforço envolvido em separar aquela hora de meditação com Ele dia após dia não valeu a pena? O que não funcionou?"

Quase inevitavelmente, a resposta é: "Descobri que ainda tenho que lutar com a tentação. Ainda cometi alguns dos mesmos erros que cometia antes. Tentei um relacionamento com Deus, e não funcionou."

Jesus disse: "O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra, depois dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. " S. Marcos 4:26-28.

Não esperamos plantar um jardim, criar filhos, obter uma educação, ter êxito num novo empreendimento comercial, aprender a tocar um instrumento musical, construir um edifício, da noite para o dia. Mas quantos de nós esperam tornar-se cristãos instantaneamente! Quantos estão dispostos a esperar pelo desenvolvimento do fruto do Espírito em sua vida?

Parábolas de Jesus, pág. 61, nos diz: " 'Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.' S. Tia. 5:7. Assim deve o cristão aguardar com paciência a frutificação da Palavra de Deus em sua vida. Muitas vezes Deus nos atende as orações, quando Lhe pedimos as graças do Espírito, levando-nos a circunstâncias que desenvolvem estes frutos; mas não compreendemos Seu propósito, assombramo-nos e desanimamos. Mas ninguém pode desenvolver estas graças, a não ser pelo processo de crescimento e frutificação. Nossa parte é receber a Palavra de Deus e conservá-la, rendendo-nos inteiramente à sua direção, e será realizado em nós seu propósito."

O relacionamento não se baseia em comportamento. E se é nosso comportamento que nos leva a tornar-nos desanimados com o nosso relacionamento, então sabemos que temos estado de certo modo contando com nosso comportamento para a aceitação por Deus. Quem quer que espere ser aceito e salvo por suas próprias obras, de qualquer maneira, é legalista.

Qualquer vitória sobre o pecado, ou poder para obediência, ou vitória sobre a tentação, jamais procederá de dentro de nós. Se esperamos obedecer, algum dia, precisamos ir a Jesus para obter Sua justiça e continuar indo a Ele. A única coisa que jamais deveria fazer, se se sentir um cristão derrotado, é interromper o relacionamento; pois só através de Cristo você pode esperar ter êxito na vida cristã.

Caminho a Cristo, pág. 64, deveria estar escrito nas páginas em branco de toda Bíblia: "Muitas vezes, teremos de prostrar-nos e chorar aos pés de Jesus, por causa de nossas faltas e erros; mas não nos devemos desanimar. Mesmo quando somos vencidos pelo inimigo, não somos repelidos, nem abandonados ou rejeitados por Deus. Não; Cristo está à destra de Deus, fazendo intercessão por nós. Diz o amado João: 'Estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo.' I João 2:1."

É possível a vitória e a superação pessoal? Sim, o poder de Deus está disponível. Que sucede se pecarmos? Temos a oferta do perdão e da restauração.

Podemos tornar-nos desanimados com nosso comportamento por causa de nosso comportamento! Mas se estamos olhando para Jesus em busca de salvação, perdão e poder para obedecer, jamais deveríamos desanimar-nos com nosso relacionamento devido a nosso comportamento. Sua promessa é segura. Se permanecermos com Ele, Ele completará Sua obra em nossa vida.